sexta-feira, 2 de março de 2012

Mais uma sugestão...


  Se imagine num campo aberto, daqueles com a vegetação baixa e verde, com cheiro de terra que acabara de ser regada pela chuva, de fumaça, pois muitas fogueiras foram feitas no campo por homens e mulheres e com os diversos aromas que vinham das inúmeras receitas.
Você começa a prestar atenção em um homem que, entre muitos outros, alimenta sua fogueira, logo à frente, com lenhas e palha, que esquenta o fundo de uma panela alta, larga e antiga, que dela sai uma fumaça densa que não cessa. O homem mexia e provava com uma colher de madeira grossa o caldo de alguma coisa que parecia uma sopa.

  Esse campo aberto representa toda a possibilidade de ação social. Com a vastidão do campo, qualquer pessoa que tivesse interesse podia armar uma fogueira, que representa, nesse caso específico, a cultura, e como toda fogueira precisa ser alimentada, por inúmeras opções de alimentação, e doar uma atenção para ela não apagar. A panela retrata a Bahia, que ferve na cultura e esquenta os ânimos e desejos de sua população, que toma forma e gosto nessa quentura, que chega perto de queimar no Carnaval. Gosto esse que precisa ser sentido e conhecido pelo mobilizador social para entender e perceber o povo a ser atingido por essa cultura, sendo esse mobilizador um empresário milionário, um pequeno empresário, ou até mesmo um grupo de jovens planejando a festa da sala.

  A Bahia tem uma possibilidade cultural incrível, como todos nós sabemos, mas, ainda sim, algumas pessoas reclamam que não tem espaço, nem incentivo e nem apoio para se manifestar artisticamente e também se queixam da falta de opções de lazer na sua cidade.

  De fato a população tem direito e razão de reclamar, pois muitas das opções mais conhecidas são caras, ou distantes, que, por culpa do transporte público pouco cuidado e convidativo, acaba dificultando ainda mais esse acesso. Além da, quase, escassez de opções de lazer mais específicas, onde o público prefere atividades menos populares ao gosto dos baianos.

  Mas, já que não é todo mundo que tem o impulso de criar novas possibilidades, por falta de condição financeira para bancá-las, por não saberem como o fazer, ou por falta de atitude, optando, apenas, reclamar, sem nenhuma responsabilidade, vamos consumir o que nos for oferecido, catando o que nos interessa (como minha avó cata os grãos de feijão da feira, só que na proporção inversa, onde, nesse caso, é mais raro encontrar os grãos podres que os sadios.)

  Evidente, interessante e batido é a sugestão do uso da internet, tanto para criar e divulgar seus trabalhos quanto para se interar sobre as novidades (confiram a página do Sebo do Futuro no Facebook). Também temos a opção de frequentar os novos espaços que, apesar de, em muitas experiências, não terem uma vida tão longa assim, nos apresenta novos trabalhos e ideias de novos artistas das mais diversas áreas e também nos mostra os artistas que estão a mais tempo na batalha. As casas mais tradicionais e conhecidas, apesar de muitos considerarem obsoletas, continuam nos oferecendo a boa arte e continuam sendo ótimas opções.

  Galera! Isso é o que nos resta! Infelizmente muitos de nós não podemos abrir um espaço cultural para dar uma oportunidade a um talento vizinho, ou um ídolo em necessidade. Muitos de nós não temos condições de publicar um livro, estrear uma peça de teatro, ou um roteiro de um filme, mas a gente tem que consumir e dar o apoio necessário para que os bravos, que trabalham e nos disponibilizam, às vezes garimpando em outros estados, ou países, materiais interessantes e muito importantes, continuem nos beneficiando com suas iniciativas.

  Vamos sair da comodidade e do aconchego da panela e ajudar esse homem a alimentar essa fogueira da cultura, consumindo e trabalhando, para possamos gozar desse, para alguns pequeno luxo, e, para outros, dessa necessidade por mais tempo e que nossos filhos, netos, bisnetos... enfim, que eles também possam aproveitar dessa cidade incrível, que a criatividade transborda e deixa nossa sopa ainda mais gostosa!

  Tenho três sugestões de espaços para música, artes plásticas, cinemas e teatro e peço, para quem se interessar, que também divulguem algumas opções de lazer:

  Música :
- Pérola Negra – Loja no Canela, ao lado da Escola de Teatro da UFBA, que dispõe de um grande catálogo de CDs, que vão da música regional, passando pela música erudita, jazz, MPB, pop e artistas independentes da Bahia, DVDs, Livros, Camisas personalizadas. Além de um café, o Chão de Estrelas, onde podemos degustar de um café delicioso e aproveitar uma Bohemia sempre gelada e volta e meia rolam apresentações. E, claro, conhecer Luciano, o astro da Bahia.
        Funciona de Segunda à Sexta, das 9h até as 19h, e aos Sábados, das 9h até as 14h.
- Postudo – Bar restaurante que sempre tá tendo shows de qualidade. Muitos dos músicos mais influentes do Brasil se apresentam e circulam por lá. Além de uma bela opção de cardápio, tanto de bebidas, quanto de comida. Se encontra no, clássico, Rio Vermelho, próximo ao Largo da Dinha.
         Funciona da Segunda à Sábado, das 12h às 15h e das 18h às 1h.
- Aconchego da Zuzú – Lá na Rua Quintino Bocaiúva, Fazenda Garcia, o samba, o choro e tantas outras opções de música boa nos recebe nesse espaço mais que convidativo! Comida boa, música boa, clima bom e energia boa! Nem vou falar mais nada! Vão logo lá!
         Funciona da Terça do Domingo para o almoço e da Quinta à Domingo à noite para o som, das 20:30h até às 0h.

Museu:
- Palacete das Artes – Na Rua da Graça esse espaço nos maravilha ao visitar a arte de Auguste Rodin, em exposição fixa, e de tantos outros artistas, como Bel Borba, que está expondo lá, até dia 23 de Março.
         Funciona de Terça à Domingo, das 10h até às 18h
- Museu de Arte Moderna – O MAM, ali na Avenida Contorno, é um mundo das artes. Espaço grande que desfrutaremos de um acervo fixo espalhado pelo Solar do Unhão, de Mário Cravo à Carybé, exposições temporárias, uma Jam Session no Sábado emoldurado pelo pôr-do-sol, cinema e várias opções de cursos e oficinas das mais diversas áreas das artes plásticas. A fogueira lá está a folgo alto!
        Funciona da Terça à Sexta das 13h às 19h e Sábados e Domingos das 14h às 20h.
- Museu de Arte da Bahia – No Corredor da Vitória, o MAB sempre tem algo legal. Fui, recentemente, e encontrei lá uma exposição que apresentava várias artistas, como Tarsila do Amaral e Djanira, com pinturas, litogravura, xilogravura e algumas outras técnicas. Além de, em uma dessas salas desse casarão imponente, uma exposição de Carybé, onde o mestre representou a festa de Iemanjá e a lavagem do Bonfim. Além de um acervo de pinturas, cristais, porcelanas chinesas, peças sacras e outros elementos históricos de Salvador.
        Funciona da Terça à Sexta das 14h às 19h e Sábado e Domingo das 14:30h às 18:30h.

 Cinema:

- Cinema do Museu – Circuito alternativo no Corredor da Vitória, atrás do Museu Geológico. Além do cinema, um café nas sombras de uma grande e velha árvore.
- Glauber Rocha / Espaço Unibanco – Salas confortáveis, filmes de qualidade, livraria e um visual da Bahia de Todos os Santos maravilhoso! Na frente da estátua de Castro Alves.
- Cine Vivo – No shopping Passeo, no Itaigara, está esse novo cinema. Muito bom!

Teatro:

- Vila Velha – Tradicional espaço de convivência dos artistas e simpatizantes no Campo Grande. Cursos livres, espetáculos mais que interessantes e uma energia maravilhosa!
- Sitorne – No Rio Vermelho. Teatro interessante e importante porta para os bons ativistas dessa arte.
- XVIII – Numa das ruas do Pelourinho esse espaço guarda as marcas dos mais famosos atores e músicos daqui.

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